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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Por uma questão de honra!


Por uma questão de honra!








Professora
Se buscarmos no dicionário, honra significa o sentimento de nossa dignidade moral. Dignidade, reputação, distinção. Pois bem, foi na semana passada, assistindo a um telejornal, que esse termo me soou arbitrário. Explico. O fato sucedeu no Rio Grande do Sul. Trinta e seis deputados estaduais concederam a si mesmos um aumento salarial bastante significativo: de R$ 11.500,00 para R$ 20.00,00. Mas desse grupo, apenas 11 usaram da sua honra e votaram contra o abuso de poder. Em termos percentuais, temos aí em torno de 74%. Setenta e quatro por cento, eu preciso repetir porque esse número se expande diante dos meus olhos. Você tem ideia do que isso representaria sobre o valor do salário mínimo? R$ 948,99! Fico imaginando a cara do brasileiro assalariado diante de um aumento desses... Bom, mas voltemos ao caso. O ocorrido em terras gaúchas serviu de matéria prima para a construção de um rap. O músico, Tonho Crocco, colocou na letra o nome dos 36 deputados que votaram a favor do “pequeno” aumento e ainda apimentou o conteúdo com um toque de ironia e deboche. O título já nos dá uma prévia do que virá: Gangue da Matriz. A partir dessa música, foi que a tal palavrinha ganhou os holofotes e culminou numa audiência de reconciliação. Sentindo-se muito ofendido pela substância da letra, um dos deputados, Giovani Cherini, entrou com representação contra o artista por crime contra a HONRA dos parlamentares. Honra dos parlamentares? Essa última sentença ecoou dentro dos meus honrados ouvidos. “Liberdade de expressão, liberdade total para as pessoas, mas eu sempre digo: liberdade pressupõe responsabilidade”. Palavras do deputado ditas durante a exibição da matéria. Depois, fiquei pensando no ato “justo” e “responsável” diante de uma concessão de 77% sobre um salário que já é tão distante da realidade dos profissionais capacitados deste país. Não posso negar a revolta que senti, ainda mais, porque os professores da universidade em que leciono se encontram há 70 dias de greve reivindicando uma reposição salarial de 23,98%. Sem contar, que esse reajuste não é um aumento, mas a exigência de um cumprimento do Plano de Cargos e Salários. O Governo do RN diz não ter arrecadação suficiente para tanto e, vergonhosamente, nos ofereceu 3%. Três por cento para calar a nossa honra. Que conselho nos daria Cherini após ouvir que um percentual desses? O que nós, professores, temos hoje é uma dignidade enxovalhada e desrespeitada. 77% é justo, mas 23,98 é abusivo. Esse é o espelho da honra que prevalece neste país.

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