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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Construtivismo não é o vilão

"Atribuir o analfabetismo da população e o fracasso escolar ao fato das escolas utilizarem a teoria construtivista como referencial para seus projetos pedagógicos é um grande equívoco porque o referencial construtivista e a psicogênese da língua escrita, continuam distantes da massificação nas escolas brasileiras". A declaração é da educadora e coordenadora do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), Cláudia Santa Rosa, sobre matéria publicada na última edição de O Poti. Nela, especialistas que participam hoje, pela manhã, do Seminário Internacional de Alfabetização, no auditório Angélica Moura (Seec), responsabilizam o construtivismo pelo fracasso da educação brasileira.


Além dos números : Cláudia diz que é preciso conhecer a realidade das escolas Foto:Ana Amaral/DN/D.A Press
Segundo Cláudia Santa Rosa não basta conhecer a realidade da escola brasileira apenas pelos números de pesquisas, é preciso chegar mais perto e saber o que acontece no chão das escolas estatais. "Porque por mais esforçados que sejam os professores, desconheço se houve um tempo emque a maioria conseguiu implementar práticas de alfabetização, guardando tamanha fidedignidade à Teoria Construtivista", justificou Santa Rosa.

Na verdade, acrescenta a educadora, os métodos Alfabético-Silábico e até mesmo o Fônico, em termos práticos, sempre foram majoritários nos fazeres dos professores brasileiros, inclusive de uma parte daqueles que algum dia se considerou construtivista. "Tudo o que se intenciona massificar é um equívoco. Raros serão os casos em que um único método de ensino atenderá as necessidades de todas as crianças de uma mesma sala de aula. Logo, não se respeita a diversidade de uma sala de aula e insiste na ideia de que todas as crianças aprendem do mesmo jeito certamente produz mais fracasso do que a centralidade da prática num determinado método de alfabetização".

De acordo com Santa Rosa, compreender a função social da escrita é um passo fundamental para a criança fazer a relação entre letras e sons, portanto, alfabetizar-se. Essa compreensão acontece cada vez mais cedo entreas crianças das escolas particulares, por terem em suas casas um ambiente cercado por muitos portadores de textos, realidade próxima a das crianças dos países desenvolvidos, cujos índices de leitura da população são altos e incomparáveis ao caso brasileiro. Nesses lugares ser alfabetizado acontece apoiado pelo contexto cultural e não se pode dizer que é, isoladamente, por obra de um método.

Na perspectiva construtivista, diz Cláudia Santa Rosa, a alfabetização se dá a partir da atividade de pensar sobre o que se deseja comunicar e sobre como fazê-lo, através da escrita. São atividades planejadas e mediadas pelo professor, a quem caberá sempre a tarefa de avaliar qual é o método que melhor atenderá. Mas para isso precisa de preparo e conhecimento.

Na visão de Santa Rosa, dois grandes problemas comprometem o processo de alfabetização das crianças das escolas públicas. O primeiro é o fato de a educação infantil ainda não ter sido universalizada para as classes populares, tampouco os projetos pedagógicos de 100%dos centros de educação infantil estão qualificados para promoverem o processo de alfabetização. "É fundamental compreendermos que as escolas privadas não alfabetizam as crianças exatamente aos 6 anos e sim ao longo da Educação Infantil e dos dois primeiros anos do ensino fundamental".

O outro problema é que alfabetizar não é o mesmo de dar aulas. "A falta de formação específica do professor alfabetizador e a rotatividade, produz o analfabetismo infantil". 





http://www.diariodenatal.com.br/2011/08/09/cidades6_0.php

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