Falta de incentivo compromete execução da política de saúde do homem

Lançado em 2009 pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de Saúde do Homem completa, no dia 27 de agosto, dois anos de atuação. Em Mossoró, o programa é desenvolvido pela II Unidade Regional de Saúde Pública (Ursap), mas não possui atualmente um coordenador responsável pelo núcleo.
Para o médico urologista Massami Okamoto, o programa não apresenta resultados significativos no município, uma vez que inúmeras dificuldades comprometem a execução das ações estabelecidas pela política. "O programa em si é muito bom, mas em termos práticos é muito difícil atingir os objetivos, já que deveria ser executado em parceria com o estado e município, o que não acontece", explica o médico.
A afirmação do especialista é contrária à posição apresentada pela coordenadora da equipe técnica da Ursap, Xênia Fabíola. "O programa tem atendido, sim, os objetivos, através de campanhas educativas, realização de exames de prevenção ao câncer de próstata, principalmente entre pessoas com idades entre 20 e 59 anos, que é o nosso público-alvo. A quantidade de urologistas existentes na cidade, por exemplo, é suficiente para atender a demanda dessa população atualmente", diz a coordenadora.
Segundo Massami Okamoto, o programa deveria priorizar a saúde dos homens na terceira idade. "Vários aspectos contribuem para que o homem precise receber uma atenção maior nessa faixa etária. Diferentemente da mulher, que mesmo após aposentada continua ativa, realizando tarefas domésticas, por exemplo, o homem fica na ociosidade, o que compromete sua qualidade de vida. As mulheres investem mais em saúde, vivem mais e melhor, e o homem não se cuida, nem fisicamente nem mentalmente", destaca o médico.
O especialista aponta como solução para reverter esse quadro uma maior orientação para esse grupo. "É preciso investir, orientar no dia a dia, o homem precisa viver mais sim, só que com qualidade", conta.
A Política Nacional de Saúde do Homem foi lançada justamente para facilitar e ampliar o acesso da população masculina aos serviços de saúde. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens, que vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial mais elevada.
"Na região atendida pela Ursap, os agentes de saúde têm monitorado esse trabalho, e cabe aos profissionais de saúde conscientizar a população acerca da prevenção de algumas doenças. Ainda existe um tabu entre os homens, que acreditam não ser necessário procurar um posto de saúde, esse ainda é um problema cultural", conta Xênia Fabíola.
A concretização de políticas públicas de saúde é uma necessidade da população masculina. Além da questão de limitação de recursos e de profissionais especializados, persiste ainda entre os homens uma elevada dose de receio, preconceito e vergonha ao exame de toque retal, responsável por detectar o câncer de próstata, segundo mais comum entre essa população, atrás apenas do câncer de pele, e o sexto tipo mais comum no mundo. "O preconceito vem diminuindo ao longo do tempo, mas ainda é muito comum. Acredito que as próximas gerações não desenvolvam esse receio, o pensamento está mudando", conclui Massami Okamoto. 

Dia Internacional do Homem comemorado com programação especial no município

Hoje, 15 de julho, comemora-se o Dia Internacional do Homem. Apesar de a data não ganhar tanta repercussão quanto o Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, a II Ursap está promovendo, desde o início da semana, uma programação especial, com ações voltadas especificamente para a população idosa.
Segundo Xênia Fabíola, a programação se estende até a próxima terça-feira, 19, com a realização de um evento na II Ursap. "Participarão do evento representantes dos 26 municípios atendidos pela II Regional de Saúde e todos os funcionários homens da nossa unidade. O evento contará com a presença de um médico urologista e uma nutricionista que orientarão o público sobre a saúde do homem", afirma.
A programação especial também é composta por distribuição de panfletos entre a população e realização de palestras educativas sobre o tema.

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