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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Site 'escondido' na rede disponibiliza download gratuito de obras literárias


Obras da literatura de língua portuguesa de séculos atrás ainda fazem sucesso, principalmente pelo fato de tais livros serem cobrados em vestibular. A maioria dos clássicos dessa literatura é disponibilizada, desde 2004, para download gratuito, no site Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br), mantido pelo Ministério da Educação e que conta apenas com obras que tiveram seus direitos autorais expirados.
No Brasil, os direitos autorais acabam após 70 anos da morte do autor. É o caso, por exemplo, daquele que até hoje é considerado o maior nome da literatura nacional em toda a história. Machado de Assis morreu em 1908, ou seja, há 103 anos, e tem sua obra completa disponibilizada no site.
Romances como "Dom Casmurro" a contos como "O Alienista" são encontrados no site, que também possui acervo de imagens e vídeos. É possível procurar a obra pelo nome do autor, pelo conteúdo ou pelo tipo (teses e dissertações têm seção própria).
A estudante Denise Nascimento afirma que para ingressar no curso de Economia da Unicamp, usou o Domínio Público. "Lembro que não encontrava ‘Memória de Um Sargento de Milícias’ (de Manuel Antônio de Almeida) por um preço mais baixo e acabei descobrindo o site e baixei o livro", diz Denise.
Músicas
Segundo o próprio portal, a missão é "disponibilizar informações e conhecimento de forma livre e gratuita, incentivar o aprendizado, a inovação e a cooperação entre os geradores de conteúdo e seus usuários".
Música erudita de artistas consagrados como Alexandre Levy e Antônio Carlos Gomes, hinos e material didático também estão disponíveis gratuitamente no site que, segundo próprias estatísticas, tem média de 500 mil acessos por mês (em janeiro, ultimo mês com dados disponíveis, foram 424.320).
Para professor, falta interesse do público
O portal Domínio Público ainda está longe de ser popular entre os internautas. "Uma biblioteca digital é onde o passado encontra o presente e cria o futuro", é a frase do presidente da Índia, Avul Pakir Jainulabdeen Abdul Kalam, que inspira o site, mas os tradicionais sebos ainda parecem fazer mais sucesso entre os leitores.
Para o professor Eduardo Soares, falta divulgação. "O portal é uma agulha no palheiro. Tudo na internet é assim. As pessoas não buscam por obras normalmente na internet, hoje as pessoas buscam vídeos, redes sociais e banalidades, cultura é um público pequeno que busca", acredita o professor.
E a internet, como meio, não é o problema, segundo o professor. "Quantas pessoas vão às bibliotecas? Temos aqui em Ribeirão Preto a Padre Euclides e a Altino Arantes, duas grandes bibliotecas, até com acervos raros. Se fizer uma pesquisa por lá, vai ver o quão pouco elas são frequentadas. É uma questão de interesse e não de modismo", completa Eduardo.

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