GRATO PELA VISITA - Não postamos ANÔNIMOS

GRATO PELA VISITA - SEM ANÔNIMOS

sábado, 25 de junho de 2011

Fantástico mostra reportagem com quadrilha de médicos que recebiam sem cumprir plantões

O Fantástico apresentou domingo passado uma reportagem especial com abordagem para uma prática condenável a partir do uso de recursos públicos.
A reportagem mostrou a ação de médicos e dentistas pagos com dinheiro público que recebem sem cumprir com os plantões.
No decorrer da última semana alguns deles já foram presos e numa reportagem que durou cerca de 15 minutos, o programa dominical revelou como funcionava o esquema que deixava a população sem atendimento médico.
Mais de 70 profissionais de saúde foram investigados, na capital e no interior de São Paulo. A suspeita se voltava para o desvio de dinheiro público.
Segundo as investigações, a maioria recebia salário, mas simplesmente não aparecia para trabalhar nos plantões.
Por telefone, alguns admitiram a fraude.
Na última semana a Justiça decretou a prisão de 13 pessoas. Entre elas, seis médicos, dois dentistas, uma enfermeira e dois empresários.
A investigação da polícia e do Ministério Público começou no Hospital de Sorocaba, um dos principais do interior paulista.
Nas escutas telefônicas - autorizadas pela Justiça - a precariedade do atendimento ficou evidente com o registro de vários casos.
A reportagem do Fantástico identificou indícios de que as fraudes nos plantões não acontecem só em Sorocaba, e se espalham por grandes hospitais públicos da capital paulista.
Também surgiram suspeitas contra um secretário de estado. Neurocirurgião de renome, Jorge Roberto Pagura assumiu este ano a Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude de São Paulo. Ele também é suspeito de receber dinheiro público da saúde sem trabalhar.
Na delegacia, uma das pessoas presas esta semana em Sorocaba confirmou a participação do secretário.
Há um ano, policiais civis e promotores que combatem o crime organizado começaram a investigar o Hospital de Sorocaba. E descobriram que o desvio passou dos R$ 2 milhões.
"Se houvesse um controle efetivo, se constataria facilmente que a carga horária desenvolvida por essas pessoas é humanamente impossível. Nós temos aqui médico com 220 horas semanais", afirma a promotora de Justiça Maria Aparecida Castanho que cuida do caso.
A semana - incluindo sábado e domingo - tem 168 horas. Entre os acusados, está a cirurgiã-geral Maria Helena Alberici. Em 2010, de acordo com a polícia, recebeu R$ 14 mil sem trabalhar.
O Hospital Regional de Sorocaba atende em média 20 mil pessoas por mês.
Um dos acusados de fraudar os plantões é Heitor Consani. Este ano, foi promovido: assumiu a direção-geral do Hospital de Sorocaba. Num telefonema, mês passado, Heitor Consani recebeu um conselho do ex-chefe dele. Antônio Carlos Nasi foi o diretor de saúde da região de Sorocaba de 2007 a fevereiro deste ano. 

Reportagem constatou atuação em mais de um hospital no mesmo horário
Este ano, vários médicos e dentistas acusados de receber dinheiro público irregularmente em Sorocaba passaram a trabalhar na capital paulista.
A equipe de reportagem do programa constatou que vários profissionais mantinham funções profissionais em unidades distintas no mesmo horário.
O cirurgião-dentista Tarley de Barros é um exemplo. Recebeu quase R$ 125 mil, ano passado, por 250 plantões. Mas a investigação da polícia e do Ministério Público mostra que ele nem chegou a pisar no Hospital de Sorocaba. E que, se tivesse ido, pelo número de horas recebidas, teria atendido quase 10 mil pessoas num ano.
Tarley de Barros trabalha num consultório nos Jardins, bairro nobre da capital paulista, a 90 quilômetros de Sorocaba. Segundo os promotores, nos horários de alguns dos supostos plantões, na verdade, ele estava na clínica particular, onde a consulta custa R$ 300.
No Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - mantido pelo Ministério da Saúde - Tarley de Barros também aparece como funcionário de um hospital público: o da Vila Nova Cachoeirinha, um dos maiores da capital paulista.
A equipe do Fantástico foi também ao Hospital Ipiranga, Zona Sul de São Paulo. Pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, a cirurgiã-geral Maria Helena Alberici trabalha neste hospital 30 horas por semana e recebe pelo SUS. No Ipiranga, as funcionárias ficam surpresas quando perguntadas pela médica.
O Ministério da Saúde informou que o cadastro nacional serve para controlar o destino do dinheiro público. A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que orienta os hospitais a manter os dados em dia.
De acordo com esse cadastro do Ministério da Saúde, também trabalharia no Hospital Ipiranga a médica especialista em doenças do aparelho digestivo Vera Regina Salim.
"A nossa impressão é que é uma quadrilha. Nós estabelecemos a obrigatoriedade do ponto eletrônico, que será implantado a curto prazo e também uma auditoria em relação à presença, em particular aos plantões", afirma Giovanni Guido Cerri, secretário de Saúde de São Paulo.

Nenhum comentário: