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terça-feira, 14 de junho de 2011

Mulheres de Ribeirão têm mais interesse por união civil homoafetiva




Um mês e meio depois da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que legalizou a união estável homoafetiva, as mulheres de Ribeirão se mostram mais interessadas no assunto. De cada dez ligações recebidas nos cartórios da cidades para esclarecimentos sobre a união gay, nove são de mulheres. Antes, a realidade era inversa.
A advogada Maria Carolina Colucci, especializada em direito da família, disse que, antes da decisão, 99% dos casais que a procuravam para esclarecer dúvidas sobre a união eram de homens.
"Depois do posicionamento do Supremo, só estou com casos de mulheres. Tem apenas um contrato de casal de homem em andamento, que comecei antes da decisão", afirmou a advogada. Até agora, cinco uniões entre gays foram feitas na cidade: três de mulheres e dois de homens.
O escrevente José Roberto Bim, do 1º Tabelião de Notas, formalizou a primeira união depois da decisão do STF e confirma o maior interesse das mulheres. "Antes, os homens registravam mais contratos. Hoje, é o contrário".
Casal
A vendedora Júlia, de 50 anos, e a autônoma Maria, de 45, vivem juntas há 21 anos, e oficializaram a união no dia 2 de junho de 2011. "Hoje, nos sentimos duas pessoas em uma só", disse Maria. O casal acredita que as mulheres possuem relações mais duradouras do que os homens, e que isso explicaria o interesse feminino.
A funcionária pública Maura Aparecida de Paula, conhecida como Piná, de 43 anos, vive com a vigilante Ingrid Siqueira, de 28, há sete anos. Elas formalizaram a união estável em 16 de setembro do ano passado, ainda antes da decisão do STF, já que haviam conseguido direitos na Justiça, como o convênio médico.
Piná conta que decidiram pela união para ter os mesmos direitos. "Se uma faltar para a outra, a família não pode ficar com os bens adquiridos pelas duas. Conheci um casal, que quando um morreu, a família pegou o apartamento, sendo que eles pagaram juntos".
A funcionária pública tem dois filhos, uma mulher, de 25 anos, e um rapaz, de 23, e diz que eles aceitam a relação. A situação não é a mesma com a família de Ingrid. "Eles não conversam comigo e acham a nossa união ridícula", diz Piná.
Preconceito
Um produtor rural, de 35 anos, que vive junto com outro homem há um ano, reclama do preconceito e diz que as pessoas precisam entender que ser gay não é uma opção, mas uma condição. "A opção é assumir ou não, e isso não tem nada a ver com a minha dignidade nem com o meu caráter".

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