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sábado, 11 de junho de 2011

Bombeiros libertados comemoram em frente à Alerj e exigem anistia; acampamento deve ser desfeito


Aos gritos de "anistia, anistia", mais de 400 dos bombeiros que estavam presos no quartel de Charitas, em Niterói, na região metropolitana, desembarcaram na estação de barcas Praça XV, no Rio de Janeiro, trazidos pela embarcação Ipanema.
No encontro com os colegas e familiares que aguardavam a libertação concentrados em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), houve muita emoção. Vários bombeiros e familiares caíram em lágrimas. Perfilados, os bombeiros libertados cantaram os hinos nacional e o da corporação diante dos manifestantes que enchiam as escadarias do Palácio Tiradentes, o prédio da Alerj.
Apesar da libertação, ainda há 10 bombeiros militares presos em Niterói. Segundo as lideranças do movimento, há problemas com os alvarás de soltura deles. Uma comissão de parlamentares dirigiu-se ao local para tentar agilizar o processo.

Alívio e revolta

Os familiares que desde sábado passado aguardavam para ver seus parentes bombeiros novamente em liberdade não escondiam a satisfação e a emoção. Mas o alívio divide espaço com a revolta.

Bombeiros rezam e cantam o hino após libertação no Rio de Janeiro

Márcia Batista, esposa do cabo Marcelo Matta, um dos que estavam presos, demonstrou seu descontentamento com a situação e a atitude do governo estadual. "O governador Sérgio Cabral é uma liderança que não respeitou a dignidade, os direitos humanos. Ele abre a boca e fala o que quer sem ter fundamento. Toda a família está revoltada". Ela também disse como é difícil de sobreviver com o salário que recebe um bombeiro. "Não dá para o militar se sustentar sem fazer bico".
Seu marido comentou como sentiu o apoio popular. "Isso nos enche de orgulho e nos faz ter certeza de que estamos no caminho certo". Outro bombeiro que esteve preso, o sargento Charles Martins, disse que o momento agora é de ir para casa e descansar. Desde a noite da invasão ao quartel central, ele agravou um problema que já tinha na perna, na cabeça do fêmur, e está caminhando com o auxílio de muletas.
A maioria dos bombeiros libertos chegou ao Rio trazendo malas. O sargento Eduardo Vicente, embora aparentando visível cansaço, estava satisfeito. "Suportamos e vencemos. Agora é hora de ficar com a família e depois continuar firme".

Condições na prisão

O sargento Jonathan Félix, que também esteve preso, criticou duramente as condições às quais os bombeiros foram submetidos durante as 30 horas que estiveram na Corregedoria da Polícia Militar, em São Gonçalo, na região metropolitana, antes de serem transferidos para Niterói. "Era apenas um vaso sanitário para mais de 400 pessoas. Fomos tratados como bandidos, de uma forma desumana", disparou.
O sargento disse que enquanto estavam no quartel dos bomrbeiros em Niterói tinham dificuldades para conseguir informações sobre o que acontecia do lado de fora. Agora, Félix frisa que a anistia é fundamental para poder haver negociação. Ele recebeu uma homenagem de sua mãe nas escadarias do Palácio Tiradentes. Ela vestia a farda do filho e devolveu a ele, num ato simbólico.

Próximos passos

O cabo Laércio Soares, um dos líderes dos bombeiros, disse que o acampamento começará a ser desmontado durante o dia. Eles ainda vão decidir o que fazer com os mantimentos excedentes e equipamentos utilizados. O mais provável é que esses materiais sejam doados. Quanto aos colchonetes, que foram cedidos em sua maior parte por sindicatos, serão devolvidos aos mesmos.
Segundo Laércio, o que os bombeiros, tanto os que estavam presos como aqueles que manifestaram no Palácio Tiradentes durante os últimos dias, o melhor agora é voltar para casa, ficar com a família e descansar.
O cabo Benevenuto Daciolo, a principal liderança, adiantou que nesta segunda-feira haverá uma reunião com deputados estaduais na Alerj e na quinta-feira será realizada uma assembleia nas escadarias da casa legislativa.
O deputados Marcelo Freixo (PSOL), Janira Rocha (PSOL) e Flávio Bolsonaro (PP) acompanharam a libertação dos bombeiros neste sábado. "Eles dão uma lição para o Rio de Janeiro, como exemplo do que é ser servidor público, ter dignidade, ter orgulho de uma profissão e não baixar a cabeça. O Rio de Janeiro não é mais o mesmo. Entra para a história do Rio de Janeiro essa onda vermelha. É impressionante a reação da população", comentou Freixo.
Na passeata programada para a manhã deste domingo na orla de Copacabana, serão colhidas assinaturas para dar início a um projeto de lei de iniciativa popular visando a anistia integral, criminal e administrativa, a todos os bombeiros que foram presos. O movimento insiste que a anistia é uma pré-requisito para que haja qualquer negociação sobre mudanças salariais.

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